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segunda-feira, 21 de abril de 2008

O CHEIRO DA MOCHILA

É realmente impressionante como um ato que parece ser de tão pouca importância possa nos trazer detalhes nítidos da infância.
Um dia precisei apanhar um livro que estava em um dos compartimentos da minha mochila e após alguns segundos de procura sem sucesso, senti que precisava entrar com o rosto pouco mais a fundo para talvez enxergar o tal livro.
Quando percebi, estava com a cabeça tomada pela parte interior da bolsa, na mais profunda calmaria do silêncio, como se estivesse em estado de coma, induzido pelo cheiro daquela mochila que me fazia lembrar tão bem dos tempos de criança.
Lembrei das vezes em que não estava disposto e simplesmente adormecia na aula, com a cabeça dentro dela, sentindo sua tranqüilidade enquanto meus outros colegas se chutavam ao meu lado.
Lembrei de quando a professora pedia para que aguardássemos o horário de sair da sala, assim que acabávamos a prova. Era o tempo que eu tinha para me excluir do mundo, do medo de algumas coisas daquela época, e até mesmo me resguardar daquela sala onde eu não gostaria de estar naquele momento.
Era como se meu corpo fosse minha alma, e minha mochila fosse o meu corpo. Gostava dos momentos em que me encontrava sozinho sentindo o cheiro do caderno, o qual por vezes dividiu o espaço com meu crânio que já era grande para minha idade, e parte do meu braço, quando ainda me sentia com a alma exposta. Nem mesmo o recreio me chamava atenção quando estava em inércia, sentindo o cheiro que eu mais gostava de sentir.
Por fim, acabei achando o livro que tanto procurava, mas antes de voltar a realidade e perceber que já não tinha mais oito anos de idade, tive que relembrar. Enfiei com tudo meu cabeção agora adulto em minha moderna mochila do século vinte e um, cheia de zíperes, bolsos acolchoados e que até suporte para Ipod tinha.
Desta vez, dividindo o espaço com uma marmita grande, mas sentindo ainda aquele mesmo cheiro, indescritível, único e que inexplicavelmente me dava um sono instantâneo. Acabei adormecendo na sala da faculdade durante duas horas seguidas, e devia estar bem a vontade, pois quando acordei já não havia ninguém a minha volta.
Por isso, assim que abri os olhos, percebi a longitude da minha viagem e pensei: PRECISO ESCREVER ALGO SOBRE O CHEIRO DE UMA MOCHILA.



Thiago Sicuro

UM TAPA NA SUA CARA



Não sou mais e nem sou menos
Acho que apenas o suficiente
Meu sorriso é para todos
Mas sem paciência não há quem me agüente.

Não consigo agradar todo mundo
Hoje em dia ninguém é capaz
Se alguns não gostam de mim
Perdoem-me, pois pra mim tanto faz.

Um dia eu queria ser poeta
Ter mais de um coração no meu peito
Dormir e acordar com uma caneta na mão
Reconstruir o universo do meu próprio jeito.

Refaria o perdão e o amor
Daria a todos o dom de escrever
Excluiria da vida, a morte e a dor
Nasceriam três sóis em cada amanhecer.

Os pássaros seriam mais livres
Criaria um mundo mais natural
Seria um mundo sem bombas nem mísseis
Um mundo sem planta artificial.

Porém, sempre que posso me pergunto
Porque não podemos ser assim?!
Basta eu cuidar de você
E você tomar conta de mim.

Não adianta sair por aí matando todo mundo
Só vai ser preso, trancado e espancado
E vai sair mais revoltado pra virar vagabundo
Que pra sociedade, não vai passar de mais um bandidinho Imundo.

Vou deixar de ser bobinho e dar o meu conselho
Não fique aí de joelho
Na frente do espelho com cara de babaca
Vai buscar a sua paz seu panaca!


Thiago Sicuro