Cheguei em casa por volta das 23:00 horas, somente troquei de roupa e logo fui ajudar meu pai a instalar um som em seu carro. Como dois leigos, ficamos por horas tentando, tentando... e nada. Montamos, desmontamos... e nada. Ligamos, desligamos... e nada ainda! Depois de realmente perceber que não daria certo, resolvemos largar tudo de lado e esperar um primo menos burro que nos dois. Com a chegada do meu primo (Paulinho cabeção), em meia hora conseguimos ligar o som, porém, por um motivo desconhecido por todos nós (meu pai, Paulinho e eu) o som só " falava " de um lado. Nos empolgamos com aquela batida unilateral, e por questão de honra, ligamos para um amigo do meu primo, um pouco menos burro que nos três. Aguardamos meia hora até que Paulinho o convencesse a acordar para andar dez minutos ao nosso encontro carregando uma caixa de ferramentas.
O amigo de Paulinho atendia por Pipoca, e agora éramos quatro. Pipoca chegou cheio de raiva, e fazendo pose de quem faria tudo em dez minutos. Após desmontar o que tínhamos acabado de montar, e repetir mil vezes a famosa frase de quem acha que sabe tudo:
ISSO AQUI NÃO É FORÇA, É JEITO!!! De nada adiantou...
Nisso, já por umas duas da manha, chegou meu irmão acompanhado de quinze amigos, todos dentro de uma Kombi vindos de um jogo de futebol.
Eis que dentro desta bendita Kombi havia um técnico em eletrônica, que em menos de meio minuto inverteu a ordem dos fios e honrou a insistência de quatro almas burras.
O som ligou, e ficou alto, bem alto! Juntamo-nos meu pai, meu primo, o amigo do meu primo, meu irmão, seus quinze amigos e eu. Agora éramos vinte. Dançando, cantando e comemorando aquela vitória improvisada...
Foram trinta minutos de muito divertimento, até os fios pegarem fogo e queimar toda a parte elétrica do carro.
MORAL DA HISTÓRIA: Por todo o decorrer das nossas vidas buscamos a felicidade, acreditamos que ela possa estar no amor, no trabalho, nos lugares em que freqüentamos. Alguns sentem-se felizes se drogando, outros sentem-se felizes em serem “santos”. Mas na verdade, a felicidade é algo mais simples do que imaginamos, e isso só você mesmo pode medir.
A felicidade é um momento, pode ser breve ou duradoura, mas nunca será permanente.
No caso acima por exemplo, estava triste por não conseguir ligar o som, depois fiquei feliz por liga-lo e com a presença de tantos amigos. Por fim, acabei ficando triste novamente pela queima dos fios, e nesse momento estou esperando a felicidade chegar, por qualquer motivo. Depois ela irá embora, e voltará novamente, e assim, vou vivendo... Feliz quando dá e triste quando não dá.
Espere sua felicidade, e conte com os AMIGOS para isso... ela virá em breve, só não ficará para sempre, mas depois ela volta.
segunda-feira, 16 de março de 2009
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
.................................................
Dias, noites, erros, acertos, lágrimas, sorrisos. Tudo em câmera lenta. Digo por mim, que cada ocasião, seja ela boa ou ruim, pode trazer aprendizado. É o jogo do saber o que se deve e o que não se deve mais fazer. O único jogo em que só se joga uma vez por vida.
O que eu vejo nela? Um jeito incomum, um brilho que reflete a vida, uma paz que acalma.
Diferente do que ouvi dizerem, o amor (AMOR) é inesgotável. Se começar pelo pensamento de que um dia tudo pode acabar, esqueça, esse não é o seu amor. Seu amor é aquele que quando apenas te olha faz chacoalhar todos os seus órgãos vitais.
Não existe fim. O amor quando duplicado a tudo sobrevive. E não há quem ou o quê me convença do contrário. Longíssimo de mim ser um bobão, apenas não sou feito de metal. Estou vivo e antes de terminar esse texto posso estar morto, isso me faz pensar que, se existe no mundo uma pessoa que faz sentir-me importante, incentiva meus atos e apóia meus fracassos, a ela vou devotar mais que belas palavras.
Aprendi com ela que devo ir à aula ao invés de ir à praia. Que os opostos não se atraem, as pessoas precisam mesmo é combinarem. Que devo buscar o melhor caminho que a vida puder oferecer.
Agora responda-me você: Se juntasse todo o seu dinheiro durante vários anos e no fim comprasse um lindo carro, deixaria qualquer um dirigi-lo? Acho que sei qual seria sua resposta. Deve estar se perguntando, e o que tem haver, o dinheiro, o tempo e o carro.
Servem de exemplo, pois jamais gastaria tantos anos, para no fim, entregar meu coração nas mãos de quem não soubesse como cuidá-lo.
Enganado, posso estar. Mas contra isso, há um conceito que anula meu engano. “Não há razão em encontrar o que nunca foi perdido. Perca-se” Portanto, se estiver realmente perdido, ficarei feliz em saber que estou há um passo de encontrar meu caminho.
O que eu vejo nela? Um jeito incomum, um brilho que reflete a vida, uma paz que acalma.
Diferente do que ouvi dizerem, o amor (AMOR) é inesgotável. Se começar pelo pensamento de que um dia tudo pode acabar, esqueça, esse não é o seu amor. Seu amor é aquele que quando apenas te olha faz chacoalhar todos os seus órgãos vitais.
Não existe fim. O amor quando duplicado a tudo sobrevive. E não há quem ou o quê me convença do contrário. Longíssimo de mim ser um bobão, apenas não sou feito de metal. Estou vivo e antes de terminar esse texto posso estar morto, isso me faz pensar que, se existe no mundo uma pessoa que faz sentir-me importante, incentiva meus atos e apóia meus fracassos, a ela vou devotar mais que belas palavras.
Aprendi com ela que devo ir à aula ao invés de ir à praia. Que os opostos não se atraem, as pessoas precisam mesmo é combinarem. Que devo buscar o melhor caminho que a vida puder oferecer.
Agora responda-me você: Se juntasse todo o seu dinheiro durante vários anos e no fim comprasse um lindo carro, deixaria qualquer um dirigi-lo? Acho que sei qual seria sua resposta. Deve estar se perguntando, e o que tem haver, o dinheiro, o tempo e o carro.
Servem de exemplo, pois jamais gastaria tantos anos, para no fim, entregar meu coração nas mãos de quem não soubesse como cuidá-lo.
Enganado, posso estar. Mas contra isso, há um conceito que anula meu engano. “Não há razão em encontrar o que nunca foi perdido. Perca-se” Portanto, se estiver realmente perdido, ficarei feliz em saber que estou há um passo de encontrar meu caminho.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
EU QUERIA SER...
Alguma vez você já saiu de casa com a sensação de que alguma coisa diferente vai te acontecer no trajeto? Pois é, isso me acontece direto. Em uma dessas, fui visitar um grande amigo, vizinho de bairro que já não encontrava há algumas semanas. No dito trajeto, o inesperado, ou melhor, a coisa diferente que minha intuição já aguardava, ocorreu nos primeiros passos do caminho.
Ainda próximo de casa, passei por um colégio, fui cercado por um grupo de crianças aparentando seus oito ou nove anos de idade. Estavam todas muito empolgadas com alguma coisa, falavam todas ao mesmo tempo e eu não conseguia decifrar uma só palavra. Portanto, pra acabar com a algazarra, mirei uma nos olhos e fiz dela o alvo da minha impaciência. Fechei a expressão e gritei: __ Cala a boca! Tadinha começou a chorar. Me desculpei de imediato e arrependido pedi para que falassem um de cada vez, agora o que me atrapalhava o entendimento era o soluço do coitado que ainda chorava de susto.
Uma menininha muito frágil e simpática, explicou-me que a turma acabara de sair da aula de ciências e a tia Telma mandou entrevistar pessoas na rua com a seguinte pergunta: Que animal você gostaria de ser ? E por quê? A resposta precisava ser escrita num pedaço de papel junto a um comentário de justificativa, e estes seriam sorteados. Assim o animal que fosse sorteado, seria homenageado, com as crianças fantasiando-se dele no dia da festinha.
O menino chorão fungou o nariz, olhou para mim com os olhos vermelhos, e lacrimejando disse: __ Ajuda aí tio, é pra semana da natureza, sniff...
Nossa... Aquilo me cortou o coração. Eu estava com um pouco de pressa, mas como primeiro dos entrevistados não podia recusar-me de forma que destruísse a tal "semana da natureza" daquelas mais ou menos 30 crianças. Aliás, era só escrever o nome do bicho e dizer por quê eu queria ser aquele bicho?
Pois bem, aí que está, tratando-se de escrever, acabei me empolgando na resposta.
Semana da Natureza:
Pergunta:
Que animal você gostaria de ser ? E por quê?
Resposta:
“Acredito que a maioria das pessoas dirão, águia, leão, tigre ou qualquer outro animal capaz de expressar superioridade. Tenho mania de diferir das coisas quase normais e corriqueiras.
Por isso tia Telma, para o seu provável espanto, digo com a devida certeza que o urubus são aves admiráveis. E se pudesse, com todo prazer seria um deles. Por favor não os ache nojentos, realmente não são dos mais cheirosos, mas olhe pelo lado bom, além de colaborarem um tanto com o meio ambiente, há também um tipo poético na maneira em que se comportam. Os urubus tem classe e graciosidade para voar, quando alcançam as correntes de vento planam por horas sob as nuvens, por serem profundamente solitários esbanjam humildade, porém sentem-se excluídos com tanta descriminação.
Por mais que tocá-los seja crime, a desigualdade com que empregam sua espécie exemplifica o racismo entre a humanidade. Não me acharia um animal bonito se fosse feroz, rei da selva, predador ou coisa assim. Menos ainda se tivesse um canto afiado, penas reluzentes de cores chamativas e passasse meus dias de sol preso numa gaiola. Prefiro ser um urubu, ninguém prende, livre o dia inteiro, comendo minha carniçinha vez ou outra, sem ter que cantar pra alguém ouvir ou matar para viver.”
Resposta escrita, dobrei o papel em quatro partes e depositei em uma urna de cartolina. Ficaria contente caso minha resposta fosse sorteada. Já livre da entrevista, imaginei todas àquelas crianças vestidas de urubuzinhos para comemorar a “semana da natureza” em homenagem a minha resposta. Ri bastante.
Thiago Sicuro
Ainda próximo de casa, passei por um colégio, fui cercado por um grupo de crianças aparentando seus oito ou nove anos de idade. Estavam todas muito empolgadas com alguma coisa, falavam todas ao mesmo tempo e eu não conseguia decifrar uma só palavra. Portanto, pra acabar com a algazarra, mirei uma nos olhos e fiz dela o alvo da minha impaciência. Fechei a expressão e gritei: __ Cala a boca! Tadinha começou a chorar. Me desculpei de imediato e arrependido pedi para que falassem um de cada vez, agora o que me atrapalhava o entendimento era o soluço do coitado que ainda chorava de susto.
Uma menininha muito frágil e simpática, explicou-me que a turma acabara de sair da aula de ciências e a tia Telma mandou entrevistar pessoas na rua com a seguinte pergunta: Que animal você gostaria de ser ? E por quê? A resposta precisava ser escrita num pedaço de papel junto a um comentário de justificativa, e estes seriam sorteados. Assim o animal que fosse sorteado, seria homenageado, com as crianças fantasiando-se dele no dia da festinha.
O menino chorão fungou o nariz, olhou para mim com os olhos vermelhos, e lacrimejando disse: __ Ajuda aí tio, é pra semana da natureza, sniff...
Nossa... Aquilo me cortou o coração. Eu estava com um pouco de pressa, mas como primeiro dos entrevistados não podia recusar-me de forma que destruísse a tal "semana da natureza" daquelas mais ou menos 30 crianças. Aliás, era só escrever o nome do bicho e dizer por quê eu queria ser aquele bicho?
Pois bem, aí que está, tratando-se de escrever, acabei me empolgando na resposta.
Semana da Natureza:
Pergunta:
Que animal você gostaria de ser ? E por quê?
Resposta:
“Acredito que a maioria das pessoas dirão, águia, leão, tigre ou qualquer outro animal capaz de expressar superioridade. Tenho mania de diferir das coisas quase normais e corriqueiras.
Por isso tia Telma, para o seu provável espanto, digo com a devida certeza que o urubus são aves admiráveis. E se pudesse, com todo prazer seria um deles. Por favor não os ache nojentos, realmente não são dos mais cheirosos, mas olhe pelo lado bom, além de colaborarem um tanto com o meio ambiente, há também um tipo poético na maneira em que se comportam. Os urubus tem classe e graciosidade para voar, quando alcançam as correntes de vento planam por horas sob as nuvens, por serem profundamente solitários esbanjam humildade, porém sentem-se excluídos com tanta descriminação.
Por mais que tocá-los seja crime, a desigualdade com que empregam sua espécie exemplifica o racismo entre a humanidade. Não me acharia um animal bonito se fosse feroz, rei da selva, predador ou coisa assim. Menos ainda se tivesse um canto afiado, penas reluzentes de cores chamativas e passasse meus dias de sol preso numa gaiola. Prefiro ser um urubu, ninguém prende, livre o dia inteiro, comendo minha carniçinha vez ou outra, sem ter que cantar pra alguém ouvir ou matar para viver.”
Resposta escrita, dobrei o papel em quatro partes e depositei em uma urna de cartolina. Ficaria contente caso minha resposta fosse sorteada. Já livre da entrevista, imaginei todas àquelas crianças vestidas de urubuzinhos para comemorar a “semana da natureza” em homenagem a minha resposta. Ri bastante.
Thiago Sicuro
quarta-feira, 16 de julho de 2008
FORMALIDADES À PARTE
Algumas pessoas confundem formalidade com boa educação, e acabam fazendo disso um bom motivo de risadas para os observadores de atitudes. Isso é fato.
O uso excessivo das palavras que julgamos bonitas de serem faladas, sílabas encorpadas e sons estonteantes, pode resultar em cenas tão desnecessárias quanto as mesmas.
Aliás, se falar bonito fosse sinônimo de boa educação, formalidade seria matéria do colegial. Que a pura verdade seja dita, na maioria das vezes torna-se tão ‘bonito’ que alcança a vulgaridade, ultrapassando a tolice e já chegando ao ridículo, essa é a parte cômica da história, a melhor parte.
Basta sentar-se por um curto espaço de tempo em um boteco de esquina que disponha de banheiro, e verá que ao menos três pessoas ainda sóbrias dirão a mesma frase ao balconista. __ Ô amigão, será que eu poderia dar uma urinada no seu miquitório? “Urinada no seu miquitório”, Analise essa frase. Além de horrível, adiciona uma formalidade grotesca e desnecessária na hora de mijar.
Sem falar naqueles que param pessoas na rua, olham com ar de insignificância e as perguntam: __ Por obséquio, poderia me informar as horas? Dá vontade de não responder.
Mas ódio de verdade, tenho das pessoas que nunca viram a outra na vida e mesmo assim, agem com profunda intimidade, geralmente acontece no meio feminino: __ Olá coração! __Tudo bem meu amor? __Imagina delícia! __Por nada fofinha... É um rasga ceda de enojar, e nós que olhamos de fora, ficamos ali, tentando descobrir qual delas parece ser a mais falsa.
Sem causas para espanto, existe também o outro lado da história, as pessoas nada formais, e por incrível que pareça este lado além de engraçado é um tanto irônico.
Coisa de uns dias, seguia viagem num coletivo ligeiramente abarrotado, acolhi-me num dos primeiros bancos, próximo ao motorista. Ponto adiante, uma senhora na casa dos 90, já fazendo horas extras, curvada e aparentemente sensível, assinalou com vigor, o ônibus pára, a senhora franzi as sobrasselhas e sobe num pique só.
Ouço o motorista dizer: __ Senhora, esses ônibus são modernos, a senhora precisa mostrar a identidade para a câmera filmar, ali na frente. Atordoada e com pouca paciência a velha enruga um pouco mais a testa em expressão de ódio e surpreende meia centena de passageiros ali presentes.
Ouço a senhora dizer: __ Hááá, mostrar pra câmera? Olha o que eu mostro pra câmera, diz a velha esticando com força o dedo indecente.
Pasmos, os passageiros num só coro diziam: __ Óóóóóóó....
Sem tomar fôlego, a velha complementa baixando ainda mais o nível: __ E o senhor, é um motorista veado e filho da puta, vai-te a puta que pariu e enfia a câmera e o ônibus no meio do olho do seu cú...
Após segundos de xingamentos pela voz aguda e trêmula daquela senhora, pensando já ter visto tudo de pior, a velha surpreende todo o coletivo novamente, desta vez, levantando sua blusa de tricô e mostrando para a câmera um par de seios murchos, de dar inveja a qualquer cadáver.
Depois de tudo, repensei meus questionamentos. E comparando as cenas formais por mim vistas e aqui contadas, com o desacato sexual de uma senhora de 90 anos de idade que já esqueceu o que é formalidade, qualquer um pode concluir que é preferível optar pelo meio termo. Nem mais formal, nem menos formal. Sejamos apenas normais.
Thiago Sicuro.
O uso excessivo das palavras que julgamos bonitas de serem faladas, sílabas encorpadas e sons estonteantes, pode resultar em cenas tão desnecessárias quanto as mesmas.
Aliás, se falar bonito fosse sinônimo de boa educação, formalidade seria matéria do colegial. Que a pura verdade seja dita, na maioria das vezes torna-se tão ‘bonito’ que alcança a vulgaridade, ultrapassando a tolice e já chegando ao ridículo, essa é a parte cômica da história, a melhor parte.
Basta sentar-se por um curto espaço de tempo em um boteco de esquina que disponha de banheiro, e verá que ao menos três pessoas ainda sóbrias dirão a mesma frase ao balconista. __ Ô amigão, será que eu poderia dar uma urinada no seu miquitório? “Urinada no seu miquitório”, Analise essa frase. Além de horrível, adiciona uma formalidade grotesca e desnecessária na hora de mijar.
Sem falar naqueles que param pessoas na rua, olham com ar de insignificância e as perguntam: __ Por obséquio, poderia me informar as horas? Dá vontade de não responder.
Mas ódio de verdade, tenho das pessoas que nunca viram a outra na vida e mesmo assim, agem com profunda intimidade, geralmente acontece no meio feminino: __ Olá coração! __Tudo bem meu amor? __Imagina delícia! __Por nada fofinha... É um rasga ceda de enojar, e nós que olhamos de fora, ficamos ali, tentando descobrir qual delas parece ser a mais falsa.
Sem causas para espanto, existe também o outro lado da história, as pessoas nada formais, e por incrível que pareça este lado além de engraçado é um tanto irônico.
Coisa de uns dias, seguia viagem num coletivo ligeiramente abarrotado, acolhi-me num dos primeiros bancos, próximo ao motorista. Ponto adiante, uma senhora na casa dos 90, já fazendo horas extras, curvada e aparentemente sensível, assinalou com vigor, o ônibus pára, a senhora franzi as sobrasselhas e sobe num pique só.
Ouço o motorista dizer: __ Senhora, esses ônibus são modernos, a senhora precisa mostrar a identidade para a câmera filmar, ali na frente. Atordoada e com pouca paciência a velha enruga um pouco mais a testa em expressão de ódio e surpreende meia centena de passageiros ali presentes.
Ouço a senhora dizer: __ Hááá, mostrar pra câmera? Olha o que eu mostro pra câmera, diz a velha esticando com força o dedo indecente.
Pasmos, os passageiros num só coro diziam: __ Óóóóóóó....
Sem tomar fôlego, a velha complementa baixando ainda mais o nível: __ E o senhor, é um motorista veado e filho da puta, vai-te a puta que pariu e enfia a câmera e o ônibus no meio do olho do seu cú...
Após segundos de xingamentos pela voz aguda e trêmula daquela senhora, pensando já ter visto tudo de pior, a velha surpreende todo o coletivo novamente, desta vez, levantando sua blusa de tricô e mostrando para a câmera um par de seios murchos, de dar inveja a qualquer cadáver.
Depois de tudo, repensei meus questionamentos. E comparando as cenas formais por mim vistas e aqui contadas, com o desacato sexual de uma senhora de 90 anos de idade que já esqueceu o que é formalidade, qualquer um pode concluir que é preferível optar pelo meio termo. Nem mais formal, nem menos formal. Sejamos apenas normais.
Thiago Sicuro.
sábado, 5 de julho de 2008
A ARTE DE SER POBRE.
Algumas vezes fica impossível da gente tentar esquecer que é pobre. Um dia desses por exemplo, cheguei em casa depois de um daqueles dias longos e ingratos, desejando um banho com toda força de uma alma cansada. Arranquei o cinto puxando-o com uma das mãos enquanto a outra desabotoava com pressa a camisa suada, arremessei distante os sapatos usando o impulso feito com os pés, um para cada lado, não há sensação melhor que essa para quem quer esquecer que viveu um dia ruim.
Por fim, já munido de roupas limpas, toalha seca e uma cueca cheirosa, dirigi-me com pressa ao banheiro, sem mesmo dar boa noite aos que presenciaram minha passagem de entrada pela sala, já que não há outra porta que leve ao único banheiro da casa. Após uns quase trinta segundos tentando trancar a porta do banheiro, que além de sanfonada, estava emperrada, empenada, depenada e desalinhada, consegui um lugarzinho debaixo do chuveiro para tomar meu tão esperado banho. Antes disso, o aguardado e tradicional choque do registro, que por um momento breve me fez esquecer da água gelada que caíra lenta e pingante.
Ensaboa pra cá, lava pra lá, e como todo ser humano que se julgue normal, por mais que eu conheça cada quadrado de azulejo do banheiro, inicio um processo de reparação do ambiente, onde observo ao lado do espelho gasto, duas calcinhas molhadas, uma amarela e outra marrom (ou que um dia já foi branca), provavelmente uma de propriedade da minha irmã e outra de uma assídua amiga freqüentadora de minha residência, já que os tamanhos eram diferentes. Mais ao lado, na prateleira de plástico, um outro sabonete, este bem encabelado, e uma pasta de dentes apertada bem no meio, que raiva isso me dá.
Esfrega por cima, enxágua por baixo, e lá vêm o grito maternal alertando o fim do banho: Sááááái daí garoto que seu pai tá quase se cagaaaaaando!!! Agora, já não mais apressado e sim assustado com uma possível tragédia fecal, sem hesitar lancei-me de box à fora. Tentando descolar da bunda a cortina de plástico molhada, acabei deixando a toalha cair numa poça d’água, e o que antes era seco, agora se faz encharcado, molhando ainda mais um corpo que só queria descanso.
Finalmente fora do banheiro, encontro o desodorante sobre a mesa da cozinha, ou creme de suvaco como diz meu irmão. Aplico uma leve camada debaixo dos braços e sigo para cama com as axilas dominadas pelo cheiro hipnótico da alfazema.
Deitei, nesse instante meu corpo demasiado pela dor lombar, me concede um alivio inexplicável por palavras que conheço. Ajeito o travesseiro, fecho os olhos, e ouço vozes. Pergunto ao meu eu: __Ué, ainda nem dormi e já estou sonhando? Meu eu responde: __ Não, é sua irmã, uma amiga e uma amiga da amiga dela conversando.
Numa hora dessas a gente tenta desconsiderar pra dormir logo, mas é impossível. Pior de tudo que o papo nem era cabeça. Diziam: __ Cara, minha menstruação jorra. __ Hum, a minha sangra de pingar... Penso eu: Ainda bem que hoje vou dormir sem jantar.
Encolhi-me no cobertor e devagarzinho as vozes foram sumindo, sumindo, sumindo, até que adormeci.
Naquela noite sonhei que era rico, mas nem era tão feliz. Acordei e percebi que a pobreza vem acompanhada de improvisos, criatividade e além de tudo, muito bom humor. O pobre é assim mesmo, pra tudo dá-se um jeito, nada é perdido, tudo é aproveitado, vive apenas com a seriedade necessária. Já dizia um antigo ditado feito aos pobres: Pra que levar a vida a sério se a gente nasceu de uma gozada?
Thiago Sicuro
Por fim, já munido de roupas limpas, toalha seca e uma cueca cheirosa, dirigi-me com pressa ao banheiro, sem mesmo dar boa noite aos que presenciaram minha passagem de entrada pela sala, já que não há outra porta que leve ao único banheiro da casa. Após uns quase trinta segundos tentando trancar a porta do banheiro, que além de sanfonada, estava emperrada, empenada, depenada e desalinhada, consegui um lugarzinho debaixo do chuveiro para tomar meu tão esperado banho. Antes disso, o aguardado e tradicional choque do registro, que por um momento breve me fez esquecer da água gelada que caíra lenta e pingante.
Ensaboa pra cá, lava pra lá, e como todo ser humano que se julgue normal, por mais que eu conheça cada quadrado de azulejo do banheiro, inicio um processo de reparação do ambiente, onde observo ao lado do espelho gasto, duas calcinhas molhadas, uma amarela e outra marrom (ou que um dia já foi branca), provavelmente uma de propriedade da minha irmã e outra de uma assídua amiga freqüentadora de minha residência, já que os tamanhos eram diferentes. Mais ao lado, na prateleira de plástico, um outro sabonete, este bem encabelado, e uma pasta de dentes apertada bem no meio, que raiva isso me dá.
Esfrega por cima, enxágua por baixo, e lá vêm o grito maternal alertando o fim do banho: Sááááái daí garoto que seu pai tá quase se cagaaaaaando!!! Agora, já não mais apressado e sim assustado com uma possível tragédia fecal, sem hesitar lancei-me de box à fora. Tentando descolar da bunda a cortina de plástico molhada, acabei deixando a toalha cair numa poça d’água, e o que antes era seco, agora se faz encharcado, molhando ainda mais um corpo que só queria descanso.
Finalmente fora do banheiro, encontro o desodorante sobre a mesa da cozinha, ou creme de suvaco como diz meu irmão. Aplico uma leve camada debaixo dos braços e sigo para cama com as axilas dominadas pelo cheiro hipnótico da alfazema.
Deitei, nesse instante meu corpo demasiado pela dor lombar, me concede um alivio inexplicável por palavras que conheço. Ajeito o travesseiro, fecho os olhos, e ouço vozes. Pergunto ao meu eu: __Ué, ainda nem dormi e já estou sonhando? Meu eu responde: __ Não, é sua irmã, uma amiga e uma amiga da amiga dela conversando.
Numa hora dessas a gente tenta desconsiderar pra dormir logo, mas é impossível. Pior de tudo que o papo nem era cabeça. Diziam: __ Cara, minha menstruação jorra. __ Hum, a minha sangra de pingar... Penso eu: Ainda bem que hoje vou dormir sem jantar.
Encolhi-me no cobertor e devagarzinho as vozes foram sumindo, sumindo, sumindo, até que adormeci.
Naquela noite sonhei que era rico, mas nem era tão feliz. Acordei e percebi que a pobreza vem acompanhada de improvisos, criatividade e além de tudo, muito bom humor. O pobre é assim mesmo, pra tudo dá-se um jeito, nada é perdido, tudo é aproveitado, vive apenas com a seriedade necessária. Já dizia um antigo ditado feito aos pobres: Pra que levar a vida a sério se a gente nasceu de uma gozada?
Thiago Sicuro
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