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domingo, 29 de junho de 2008

UMA CRÔNICA A FELICIDADE

Quero chutar os problemas e falar um pouco de amor, das coisas boas que a vida me deu. Acordar cedo e respirar bem fundo, pra sentir a importância de poder estar vivo e enxergar o mundo, os pássaros e tudo que seja mais belo do que eu.
Descobrir a cada dia um novo cheiro, um novo gosto, uma nova cor, um novo som, um novo jeito de tratar as pessoas, descobrir uma nova vida todo dia, um novo dia toda vida. Quero uma felicidade que eu possa guardar só pra mim, sem precisar mostrar para os invejosos, sem fazer loucuras que por mais que eu não queira, são sintomas inevitáveis de alguém que se sente feliz.
Como por exemplo: Cantar... cantar... cantar... Repetir quantas vezes a garganta permitir, aquela parte daquela música que diz: “hoje eu vou tomar um porre, não me socorre que eu tô feliz”...
Sair sorrindo na capa de todos os jornais de domingo com os seguintes dizeres no rodapé: Ele é feliz. Invadir um hospício e libertar todos os loucos, mas antes dar uma plaquinha na mão de cada um com os seguintes dizeres: Somos loucos uns pelos outros...
Emparelhar meu dedo indicador ao nariz de um tenente do exército, rir bem alto da cara dele e antes de ser preso dizer pausadamente que sou feliz, ou sai lá, saltitar pela praça de alimentação de um shopping qualquer.
Encontrar um bêbado bem bêbado e deixar ele ainda mais bêbado, de modo que ele tome nojo da cachaça até a próxima encarnação.Só pra ouvir dele aquela conversa de bêbado que todos nós já ouvimos um dia: ### você é um cara bom, porque você é um cara feliz ###.
Talvez subir nas costas do Araribóia e passar o dia acenando para o Cristo Redentor, ah... essa é muito boa, pendurar o presidente da república na janela mais alta do palácio do planalto até ele prometer um mínimo que no mínimo dê para comprar o arroz e o feijão e quem sabe até uma dúzia de ovos, e depois dizer pra ele que mesmo que não cumpra sua promessa eu vou continuar sendo feliz... Com fome, mas feliz.
Jogar terra no sorvete das crianças mal criadas, botar o cachorro pra morder o carteiro, xingar minha vizinha, aquela velha miserável, por tudo que ela me fez o ano inteiro... mas que mesmo assim foi um ano feliz!
Tudo bem, não sou rico, não tenho carro, não tenho moto e nem casa própria.
Não sou play boy, nunca tive enxaqueca não me chamo Richardhy e nunca fui à Europa.
Sou pobre... Ando descalço, como churrasco, moro no morro, acordo cedinho, e sou cheio de manias, mas sou feliz!!!
Por encher um papel de palavras absurdas, e fazer poesia.


Thiago Sicuro

Consciência e eu

Imagina só, um quarto espaçoso e uma cama redonda, dentro de uma casa tão confortável que parece ser nossa. Nós dois ali, sem termos o que dizer um para o outro, mas sabendo exatamente o que fazer. E a distância que nos separa ficando cada vez menor, cada metro desfeito em passos leves, sentindo a respiração oscilar, nunca para menos.
Olhando fixo, sem dizer absolutamente nada, só olhando, se aproximando com êxtase, desejando o que o corpo permitir de mais obsceno. Mapeando os centímetros num instante tão breve quanto aguardado, onde ascende-se um fogo escondido.
Nada pode invadir esse momento, nem mesmo um terremoto. Somos nós, somente nós, envolvidos por um olhar congelado que faz de agora uma eternidade. Somente nós e esse desejo que só cresce, que nos deixa trêmulo dos pés a cabeça, e rouba nossas vozes, sobrando gemidos apenas. Ruídos estranhos, tremores e nosso suor, frio.
Faço da ponta dos meus dedos meus olhos, e percorro cinco deles observando seu corpo, seus seios, sua cintura, suas coxas, enquanto com os outros cinco tento conter sua aflição, tampando sua boca e segurando seus cabelos, hora os puxando, hora os apertando de forma suave junto a sua nuca.
Agora me abrace, vamos sentir nossos cheiros... Entranha seu perfume em mim pra que nunca mais vá embora, pra que eu durma com você todos os dias da minha vida!
Meu Deus o que é isso? É pecado? Não, não pode ser! É algo puro que todos no mundo deviam conhecer, é a expressão de um corpo que sem opções, deseja outro como parte dele próprio.
Nossas bocas não aguardam sequer um segundo a mais, logo se abocanham, sobrepondo um beijo ardente e incontrolável. Um beijo que suga minha alma para fora, um beijo que nem parece ser um beijo, parece mais um abraço apertado, uma mistura de ansiedade e desespero que acabou dando certo.
Não faz isso... Sim, faça isso, faça de novo... Molhe bem a sua língua e venha conhecer mais de perto o meu corpo. Prenda bem a respiração e vaze lentamente todo ar nos meus ouvidos, faça do meu colo seu assento, dos meus ombros seu apoio e transforma essa vontade incontrolável numa noite insana e quase perfeita.
Porque somos apenas duas crianças, dois amantes do corpo alheio balançando as fantasias.
Querendo um espaço no mundo pra fazer o que tramamos, sentindo na boca o gosto quente de saliva, ouvindo uma musica doce ao fundo da nossa brincadeira, você descendo e eu subindo, você subindo e eu descendo, duas crianças em uma gangorra que range alto, um balanço de corda cumprida, que quando empurrado nos leva às alturas, sem friozinho na barriga, só tesão.
Imagina só!


Thiago Sicuro