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domingo, 29 de junho de 2008

Consciência e eu

Imagina só, um quarto espaçoso e uma cama redonda, dentro de uma casa tão confortável que parece ser nossa. Nós dois ali, sem termos o que dizer um para o outro, mas sabendo exatamente o que fazer. E a distância que nos separa ficando cada vez menor, cada metro desfeito em passos leves, sentindo a respiração oscilar, nunca para menos.
Olhando fixo, sem dizer absolutamente nada, só olhando, se aproximando com êxtase, desejando o que o corpo permitir de mais obsceno. Mapeando os centímetros num instante tão breve quanto aguardado, onde ascende-se um fogo escondido.
Nada pode invadir esse momento, nem mesmo um terremoto. Somos nós, somente nós, envolvidos por um olhar congelado que faz de agora uma eternidade. Somente nós e esse desejo que só cresce, que nos deixa trêmulo dos pés a cabeça, e rouba nossas vozes, sobrando gemidos apenas. Ruídos estranhos, tremores e nosso suor, frio.
Faço da ponta dos meus dedos meus olhos, e percorro cinco deles observando seu corpo, seus seios, sua cintura, suas coxas, enquanto com os outros cinco tento conter sua aflição, tampando sua boca e segurando seus cabelos, hora os puxando, hora os apertando de forma suave junto a sua nuca.
Agora me abrace, vamos sentir nossos cheiros... Entranha seu perfume em mim pra que nunca mais vá embora, pra que eu durma com você todos os dias da minha vida!
Meu Deus o que é isso? É pecado? Não, não pode ser! É algo puro que todos no mundo deviam conhecer, é a expressão de um corpo que sem opções, deseja outro como parte dele próprio.
Nossas bocas não aguardam sequer um segundo a mais, logo se abocanham, sobrepondo um beijo ardente e incontrolável. Um beijo que suga minha alma para fora, um beijo que nem parece ser um beijo, parece mais um abraço apertado, uma mistura de ansiedade e desespero que acabou dando certo.
Não faz isso... Sim, faça isso, faça de novo... Molhe bem a sua língua e venha conhecer mais de perto o meu corpo. Prenda bem a respiração e vaze lentamente todo ar nos meus ouvidos, faça do meu colo seu assento, dos meus ombros seu apoio e transforma essa vontade incontrolável numa noite insana e quase perfeita.
Porque somos apenas duas crianças, dois amantes do corpo alheio balançando as fantasias.
Querendo um espaço no mundo pra fazer o que tramamos, sentindo na boca o gosto quente de saliva, ouvindo uma musica doce ao fundo da nossa brincadeira, você descendo e eu subindo, você subindo e eu descendo, duas crianças em uma gangorra que range alto, um balanço de corda cumprida, que quando empurrado nos leva às alturas, sem friozinho na barriga, só tesão.
Imagina só!


Thiago Sicuro

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