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sexta-feira, 15 de maio de 2009

MEU PRIMEIRO JOGO DE BASQUETEBOL

Uma semana antes assisti uma breve aula prática sobre basquetebol, tive Paulo como professor, um grande amigo e também grande jogador, bolsista pelo time profissional da mesma faculdade onde estudei. Imaginava que os fundamentos me seriam úteis para uma ocasião de jogo, mas a verdade é que como em todo jogo entre amigos, o que importa são os fatos e não os pontos.
Ao sair do trabalho, em uma dessas terças-feiras a noite onde não se tem muito o que fazer , passava de carro pelo centro da cidade e percebi que atrás de um posto de gasolina havia uma quadra de basquete vazia, porém bem iluminada. Entendi que talvez fosse a deixa para o meu primeiro passo, ou melhor, arremesso. Aproveitando a coincidência de portar um short e uma camiseta na mochila, rebusquei um tênis esquecido no porta-malas junto a bola que ganhara de presente do amigo professor.
Estacionei meu “caixotinho” entre o posto e a quadra, e com a bola presa debaixo do suvaco lá fui eu. Caminhava feito um menino largado e feliz e ao mesmo tempo feito um adulto esportivamente atrasado que nunca na vida havia jogado basquetebol. Enquanto tapeava a bola contra o chão sem que ela sequer respeitasse as direções intencionadas, um grupo de cinco garotos olhava de longe meu devaneio. Constrangido, resolvi parar de correr atrás da bola e arremessa-la à cesta. Após umas trezentas tentativas, encestei duas vezes, e ainda era seguido pelos olhos dos cinco, agora acompanhado de cochichos.
Ouvi uma voz grave dizer: __ E aí grande, tem como nós jogá com você? Tentando ser natural para rebater sua gíria, usei a frase: __ Já é!!! O sujeito era gigante, aliás, nem sei por que me chamou de grande. Chamava-se Joel, mas seu apelido era Tanque, talvez pela medida 2x2, não de músculos, e sim da gordura que compunha uma barriga monstruosa. Os outros quatro também eram gente boa: Guilherme, Marquinhos, Vinícios e Pedro.
Guilherme era o mais habilidoso de todos, um negro alto, magro e de cabelos trançados desde o couro cabeludo, seu estilo me fazia lembrar do Brooklin, usava roupas como as dos jogadores americanos e arremessava com destreza. Marquinhos, como o nome propõe, tinha pouco mais de um metro e meio de altura, era branquelo e careca, tinha as pernas finas e os olhos esbugalhados a todo instante, difícil era entender como alguém daquele tamanho jogava basquete, mas logo que ele começou entendi como funcionava, Marquinhos era ágil feito uma raposa com fome e armava as jogadas com a velocidade de uma flecha Vinícios e Pedro jogavam muito bem, pareciam adestrados por alguma escolinha durante a infância, eram irmãos gêmeos, do tipo que se vestiam idênticos, os dois estavam penteados e de aparência muito limpa. Em tom de brincadeira olhei à minha volta perguntando se a avó deles aguardava o fim da partida do lado de fora da quadra, eles me olharam com ar de reprovação, e já que eram dois, permaneci calado.
Depois do aquecimento naquele clima de “pelada”, resolvemos jogar sério e dividimo-nos em duas equipes de três. Então ficamos Tanque, Guilherme e eu, versus Vinícius, Pedro e Marquinhos. Seria moleza, pensei, afinal jogaríamos contra uma equipe de dois gêmeos e um anão. Isso se não fosse por Tanque, aquele gordo sacana, que logo no primeiro lance estragou a partida com uma cena deprimente. Acontecera o seguinte, Tanque usava um calção frouxo que vez ou outra descia até a altura do “cofrinho”, que no caso dele mais parecia uma agência do Bradesco. E no embalo de uma jogada perfeita, Tanque lançou a bola à cesta ao mesmo tempo em que seu calção lançou-se ao chão, e numa mistura de pressa e desespero Tanque tropeçou no pano, rasgando o próprio short que o serviu ingratamente como corda para prender seus pés enquanto rolava de um lado para outro tentando se soltar. Não pude deixar de perceber que Tanque era o primeiro preto da face da terra que inexplicavelmente tinha a bunda branca, parecendo uma bandeira do botafogo. Só restou a mim e meus novos colegas, rir até não aguentar de dor na barriga. Fim do jogo.

Thiago Sicuro.

2 comentários:

Regina disse...

rsrs... Thiago!!

É sempre uma alegria vir aqui!! Pude enxergar a cena todinha, através da sua narrativa...

O "cofrinho" do Bradesco do Tanque, seu tombo, a bandeira do Botafogo!! rsrs...

Você enche de luz à todos que por aqui passam! Por isso, estou te oferecendo um selo que representa tudo isto... Está lá na minha página, especialmente para você!!

Beijo grande, bom fim de semana!

Victor Rosa disse...

Nossa Thiago tem que rir com você mesmo, você é uma figura, gostei muito, pura criatividade vo ta sempre aqui para ver sua atualizações...

Fica na paz irmão