Alguma vez você já saiu de casa com a sensação de que alguma coisa diferente vai te acontecer no trajeto? Pois é, isso me acontece direto. Em uma dessas, fui visitar um grande amigo, vizinho de bairro que já não encontrava há algumas semanas. No dito trajeto, o inesperado, ou melhor, a coisa diferente que minha intuição já aguardava, ocorreu nos primeiros passos do caminho.
Ainda próximo de casa, passei por um colégio, fui cercado por um grupo de crianças aparentando seus oito ou nove anos de idade. Estavam todas muito empolgadas com alguma coisa, falavam todas ao mesmo tempo e eu não conseguia decifrar uma só palavra. Portanto, pra acabar com a algazarra, mirei uma nos olhos e fiz dela o alvo da minha impaciência. Fechei a expressão e gritei: __ Cala a boca! Tadinha começou a chorar. Me desculpei de imediato e arrependido pedi para que falassem um de cada vez, agora o que me atrapalhava o entendimento era o soluço do coitado que ainda chorava de susto.
Uma menininha muito frágil e simpática, explicou-me que a turma acabara de sair da aula de ciências e a tia Telma mandou entrevistar pessoas na rua com a seguinte pergunta: Que animal você gostaria de ser ? E por quê? A resposta precisava ser escrita num pedaço de papel junto a um comentário de justificativa, e estes seriam sorteados. Assim o animal que fosse sorteado, seria homenageado, com as crianças fantasiando-se dele no dia da festinha.
O menino chorão fungou o nariz, olhou para mim com os olhos vermelhos, e lacrimejando disse: __ Ajuda aí tio, é pra semana da natureza, sniff...
Nossa... Aquilo me cortou o coração. Eu estava com um pouco de pressa, mas como primeiro dos entrevistados não podia recusar-me de forma que destruísse a tal "semana da natureza" daquelas mais ou menos 30 crianças. Aliás, era só escrever o nome do bicho e dizer por quê eu queria ser aquele bicho?
Pois bem, aí que está, tratando-se de escrever, acabei me empolgando na resposta.
Semana da Natureza:
Pergunta:
Que animal você gostaria de ser ? E por quê?
Resposta:
“Acredito que a maioria das pessoas dirão, águia, leão, tigre ou qualquer outro animal capaz de expressar superioridade. Tenho mania de diferir das coisas quase normais e corriqueiras.
Por isso tia Telma, para o seu provável espanto, digo com a devida certeza que o urubus são aves admiráveis. E se pudesse, com todo prazer seria um deles. Por favor não os ache nojentos, realmente não são dos mais cheirosos, mas olhe pelo lado bom, além de colaborarem um tanto com o meio ambiente, há também um tipo poético na maneira em que se comportam. Os urubus tem classe e graciosidade para voar, quando alcançam as correntes de vento planam por horas sob as nuvens, por serem profundamente solitários esbanjam humildade, porém sentem-se excluídos com tanta descriminação.
Por mais que tocá-los seja crime, a desigualdade com que empregam sua espécie exemplifica o racismo entre a humanidade. Não me acharia um animal bonito se fosse feroz, rei da selva, predador ou coisa assim. Menos ainda se tivesse um canto afiado, penas reluzentes de cores chamativas e passasse meus dias de sol preso numa gaiola. Prefiro ser um urubu, ninguém prende, livre o dia inteiro, comendo minha carniçinha vez ou outra, sem ter que cantar pra alguém ouvir ou matar para viver.”
Resposta escrita, dobrei o papel em quatro partes e depositei em uma urna de cartolina. Ficaria contente caso minha resposta fosse sorteada. Já livre da entrevista, imaginei todas àquelas crianças vestidas de urubuzinhos para comemorar a “semana da natureza” em homenagem a minha resposta. Ri bastante.
Thiago Sicuro
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
quarta-feira, 16 de julho de 2008
FORMALIDADES À PARTE
Algumas pessoas confundem formalidade com boa educação, e acabam fazendo disso um bom motivo de risadas para os observadores de atitudes. Isso é fato.
O uso excessivo das palavras que julgamos bonitas de serem faladas, sílabas encorpadas e sons estonteantes, pode resultar em cenas tão desnecessárias quanto as mesmas.
Aliás, se falar bonito fosse sinônimo de boa educação, formalidade seria matéria do colegial. Que a pura verdade seja dita, na maioria das vezes torna-se tão ‘bonito’ que alcança a vulgaridade, ultrapassando a tolice e já chegando ao ridículo, essa é a parte cômica da história, a melhor parte.
Basta sentar-se por um curto espaço de tempo em um boteco de esquina que disponha de banheiro, e verá que ao menos três pessoas ainda sóbrias dirão a mesma frase ao balconista. __ Ô amigão, será que eu poderia dar uma urinada no seu miquitório? “Urinada no seu miquitório”, Analise essa frase. Além de horrível, adiciona uma formalidade grotesca e desnecessária na hora de mijar.
Sem falar naqueles que param pessoas na rua, olham com ar de insignificância e as perguntam: __ Por obséquio, poderia me informar as horas? Dá vontade de não responder.
Mas ódio de verdade, tenho das pessoas que nunca viram a outra na vida e mesmo assim, agem com profunda intimidade, geralmente acontece no meio feminino: __ Olá coração! __Tudo bem meu amor? __Imagina delícia! __Por nada fofinha... É um rasga ceda de enojar, e nós que olhamos de fora, ficamos ali, tentando descobrir qual delas parece ser a mais falsa.
Sem causas para espanto, existe também o outro lado da história, as pessoas nada formais, e por incrível que pareça este lado além de engraçado é um tanto irônico.
Coisa de uns dias, seguia viagem num coletivo ligeiramente abarrotado, acolhi-me num dos primeiros bancos, próximo ao motorista. Ponto adiante, uma senhora na casa dos 90, já fazendo horas extras, curvada e aparentemente sensível, assinalou com vigor, o ônibus pára, a senhora franzi as sobrasselhas e sobe num pique só.
Ouço o motorista dizer: __ Senhora, esses ônibus são modernos, a senhora precisa mostrar a identidade para a câmera filmar, ali na frente. Atordoada e com pouca paciência a velha enruga um pouco mais a testa em expressão de ódio e surpreende meia centena de passageiros ali presentes.
Ouço a senhora dizer: __ Hááá, mostrar pra câmera? Olha o que eu mostro pra câmera, diz a velha esticando com força o dedo indecente.
Pasmos, os passageiros num só coro diziam: __ Óóóóóóó....
Sem tomar fôlego, a velha complementa baixando ainda mais o nível: __ E o senhor, é um motorista veado e filho da puta, vai-te a puta que pariu e enfia a câmera e o ônibus no meio do olho do seu cú...
Após segundos de xingamentos pela voz aguda e trêmula daquela senhora, pensando já ter visto tudo de pior, a velha surpreende todo o coletivo novamente, desta vez, levantando sua blusa de tricô e mostrando para a câmera um par de seios murchos, de dar inveja a qualquer cadáver.
Depois de tudo, repensei meus questionamentos. E comparando as cenas formais por mim vistas e aqui contadas, com o desacato sexual de uma senhora de 90 anos de idade que já esqueceu o que é formalidade, qualquer um pode concluir que é preferível optar pelo meio termo. Nem mais formal, nem menos formal. Sejamos apenas normais.
Thiago Sicuro.
O uso excessivo das palavras que julgamos bonitas de serem faladas, sílabas encorpadas e sons estonteantes, pode resultar em cenas tão desnecessárias quanto as mesmas.
Aliás, se falar bonito fosse sinônimo de boa educação, formalidade seria matéria do colegial. Que a pura verdade seja dita, na maioria das vezes torna-se tão ‘bonito’ que alcança a vulgaridade, ultrapassando a tolice e já chegando ao ridículo, essa é a parte cômica da história, a melhor parte.
Basta sentar-se por um curto espaço de tempo em um boteco de esquina que disponha de banheiro, e verá que ao menos três pessoas ainda sóbrias dirão a mesma frase ao balconista. __ Ô amigão, será que eu poderia dar uma urinada no seu miquitório? “Urinada no seu miquitório”, Analise essa frase. Além de horrível, adiciona uma formalidade grotesca e desnecessária na hora de mijar.
Sem falar naqueles que param pessoas na rua, olham com ar de insignificância e as perguntam: __ Por obséquio, poderia me informar as horas? Dá vontade de não responder.
Mas ódio de verdade, tenho das pessoas que nunca viram a outra na vida e mesmo assim, agem com profunda intimidade, geralmente acontece no meio feminino: __ Olá coração! __Tudo bem meu amor? __Imagina delícia! __Por nada fofinha... É um rasga ceda de enojar, e nós que olhamos de fora, ficamos ali, tentando descobrir qual delas parece ser a mais falsa.
Sem causas para espanto, existe também o outro lado da história, as pessoas nada formais, e por incrível que pareça este lado além de engraçado é um tanto irônico.
Coisa de uns dias, seguia viagem num coletivo ligeiramente abarrotado, acolhi-me num dos primeiros bancos, próximo ao motorista. Ponto adiante, uma senhora na casa dos 90, já fazendo horas extras, curvada e aparentemente sensível, assinalou com vigor, o ônibus pára, a senhora franzi as sobrasselhas e sobe num pique só.
Ouço o motorista dizer: __ Senhora, esses ônibus são modernos, a senhora precisa mostrar a identidade para a câmera filmar, ali na frente. Atordoada e com pouca paciência a velha enruga um pouco mais a testa em expressão de ódio e surpreende meia centena de passageiros ali presentes.
Ouço a senhora dizer: __ Hááá, mostrar pra câmera? Olha o que eu mostro pra câmera, diz a velha esticando com força o dedo indecente.
Pasmos, os passageiros num só coro diziam: __ Óóóóóóó....
Sem tomar fôlego, a velha complementa baixando ainda mais o nível: __ E o senhor, é um motorista veado e filho da puta, vai-te a puta que pariu e enfia a câmera e o ônibus no meio do olho do seu cú...
Após segundos de xingamentos pela voz aguda e trêmula daquela senhora, pensando já ter visto tudo de pior, a velha surpreende todo o coletivo novamente, desta vez, levantando sua blusa de tricô e mostrando para a câmera um par de seios murchos, de dar inveja a qualquer cadáver.
Depois de tudo, repensei meus questionamentos. E comparando as cenas formais por mim vistas e aqui contadas, com o desacato sexual de uma senhora de 90 anos de idade que já esqueceu o que é formalidade, qualquer um pode concluir que é preferível optar pelo meio termo. Nem mais formal, nem menos formal. Sejamos apenas normais.
Thiago Sicuro.
sábado, 5 de julho de 2008
A ARTE DE SER POBRE.
Algumas vezes fica impossível da gente tentar esquecer que é pobre. Um dia desses por exemplo, cheguei em casa depois de um daqueles dias longos e ingratos, desejando um banho com toda força de uma alma cansada. Arranquei o cinto puxando-o com uma das mãos enquanto a outra desabotoava com pressa a camisa suada, arremessei distante os sapatos usando o impulso feito com os pés, um para cada lado, não há sensação melhor que essa para quem quer esquecer que viveu um dia ruim.
Por fim, já munido de roupas limpas, toalha seca e uma cueca cheirosa, dirigi-me com pressa ao banheiro, sem mesmo dar boa noite aos que presenciaram minha passagem de entrada pela sala, já que não há outra porta que leve ao único banheiro da casa. Após uns quase trinta segundos tentando trancar a porta do banheiro, que além de sanfonada, estava emperrada, empenada, depenada e desalinhada, consegui um lugarzinho debaixo do chuveiro para tomar meu tão esperado banho. Antes disso, o aguardado e tradicional choque do registro, que por um momento breve me fez esquecer da água gelada que caíra lenta e pingante.
Ensaboa pra cá, lava pra lá, e como todo ser humano que se julgue normal, por mais que eu conheça cada quadrado de azulejo do banheiro, inicio um processo de reparação do ambiente, onde observo ao lado do espelho gasto, duas calcinhas molhadas, uma amarela e outra marrom (ou que um dia já foi branca), provavelmente uma de propriedade da minha irmã e outra de uma assídua amiga freqüentadora de minha residência, já que os tamanhos eram diferentes. Mais ao lado, na prateleira de plástico, um outro sabonete, este bem encabelado, e uma pasta de dentes apertada bem no meio, que raiva isso me dá.
Esfrega por cima, enxágua por baixo, e lá vêm o grito maternal alertando o fim do banho: Sááááái daí garoto que seu pai tá quase se cagaaaaaando!!! Agora, já não mais apressado e sim assustado com uma possível tragédia fecal, sem hesitar lancei-me de box à fora. Tentando descolar da bunda a cortina de plástico molhada, acabei deixando a toalha cair numa poça d’água, e o que antes era seco, agora se faz encharcado, molhando ainda mais um corpo que só queria descanso.
Finalmente fora do banheiro, encontro o desodorante sobre a mesa da cozinha, ou creme de suvaco como diz meu irmão. Aplico uma leve camada debaixo dos braços e sigo para cama com as axilas dominadas pelo cheiro hipnótico da alfazema.
Deitei, nesse instante meu corpo demasiado pela dor lombar, me concede um alivio inexplicável por palavras que conheço. Ajeito o travesseiro, fecho os olhos, e ouço vozes. Pergunto ao meu eu: __Ué, ainda nem dormi e já estou sonhando? Meu eu responde: __ Não, é sua irmã, uma amiga e uma amiga da amiga dela conversando.
Numa hora dessas a gente tenta desconsiderar pra dormir logo, mas é impossível. Pior de tudo que o papo nem era cabeça. Diziam: __ Cara, minha menstruação jorra. __ Hum, a minha sangra de pingar... Penso eu: Ainda bem que hoje vou dormir sem jantar.
Encolhi-me no cobertor e devagarzinho as vozes foram sumindo, sumindo, sumindo, até que adormeci.
Naquela noite sonhei que era rico, mas nem era tão feliz. Acordei e percebi que a pobreza vem acompanhada de improvisos, criatividade e além de tudo, muito bom humor. O pobre é assim mesmo, pra tudo dá-se um jeito, nada é perdido, tudo é aproveitado, vive apenas com a seriedade necessária. Já dizia um antigo ditado feito aos pobres: Pra que levar a vida a sério se a gente nasceu de uma gozada?
Thiago Sicuro
Por fim, já munido de roupas limpas, toalha seca e uma cueca cheirosa, dirigi-me com pressa ao banheiro, sem mesmo dar boa noite aos que presenciaram minha passagem de entrada pela sala, já que não há outra porta que leve ao único banheiro da casa. Após uns quase trinta segundos tentando trancar a porta do banheiro, que além de sanfonada, estava emperrada, empenada, depenada e desalinhada, consegui um lugarzinho debaixo do chuveiro para tomar meu tão esperado banho. Antes disso, o aguardado e tradicional choque do registro, que por um momento breve me fez esquecer da água gelada que caíra lenta e pingante.
Ensaboa pra cá, lava pra lá, e como todo ser humano que se julgue normal, por mais que eu conheça cada quadrado de azulejo do banheiro, inicio um processo de reparação do ambiente, onde observo ao lado do espelho gasto, duas calcinhas molhadas, uma amarela e outra marrom (ou que um dia já foi branca), provavelmente uma de propriedade da minha irmã e outra de uma assídua amiga freqüentadora de minha residência, já que os tamanhos eram diferentes. Mais ao lado, na prateleira de plástico, um outro sabonete, este bem encabelado, e uma pasta de dentes apertada bem no meio, que raiva isso me dá.
Esfrega por cima, enxágua por baixo, e lá vêm o grito maternal alertando o fim do banho: Sááááái daí garoto que seu pai tá quase se cagaaaaaando!!! Agora, já não mais apressado e sim assustado com uma possível tragédia fecal, sem hesitar lancei-me de box à fora. Tentando descolar da bunda a cortina de plástico molhada, acabei deixando a toalha cair numa poça d’água, e o que antes era seco, agora se faz encharcado, molhando ainda mais um corpo que só queria descanso.
Finalmente fora do banheiro, encontro o desodorante sobre a mesa da cozinha, ou creme de suvaco como diz meu irmão. Aplico uma leve camada debaixo dos braços e sigo para cama com as axilas dominadas pelo cheiro hipnótico da alfazema.
Deitei, nesse instante meu corpo demasiado pela dor lombar, me concede um alivio inexplicável por palavras que conheço. Ajeito o travesseiro, fecho os olhos, e ouço vozes. Pergunto ao meu eu: __Ué, ainda nem dormi e já estou sonhando? Meu eu responde: __ Não, é sua irmã, uma amiga e uma amiga da amiga dela conversando.
Numa hora dessas a gente tenta desconsiderar pra dormir logo, mas é impossível. Pior de tudo que o papo nem era cabeça. Diziam: __ Cara, minha menstruação jorra. __ Hum, a minha sangra de pingar... Penso eu: Ainda bem que hoje vou dormir sem jantar.
Encolhi-me no cobertor e devagarzinho as vozes foram sumindo, sumindo, sumindo, até que adormeci.
Naquela noite sonhei que era rico, mas nem era tão feliz. Acordei e percebi que a pobreza vem acompanhada de improvisos, criatividade e além de tudo, muito bom humor. O pobre é assim mesmo, pra tudo dá-se um jeito, nada é perdido, tudo é aproveitado, vive apenas com a seriedade necessária. Já dizia um antigo ditado feito aos pobres: Pra que levar a vida a sério se a gente nasceu de uma gozada?
Thiago Sicuro
domingo, 29 de junho de 2008
UMA CRÔNICA A FELICIDADE
Quero chutar os problemas e falar um pouco de amor, das coisas boas que a vida me deu. Acordar cedo e respirar bem fundo, pra sentir a importância de poder estar vivo e enxergar o mundo, os pássaros e tudo que seja mais belo do que eu.
Descobrir a cada dia um novo cheiro, um novo gosto, uma nova cor, um novo som, um novo jeito de tratar as pessoas, descobrir uma nova vida todo dia, um novo dia toda vida. Quero uma felicidade que eu possa guardar só pra mim, sem precisar mostrar para os invejosos, sem fazer loucuras que por mais que eu não queira, são sintomas inevitáveis de alguém que se sente feliz.
Como por exemplo: Cantar... cantar... cantar... Repetir quantas vezes a garganta permitir, aquela parte daquela música que diz: “hoje eu vou tomar um porre, não me socorre que eu tô feliz”...
Sair sorrindo na capa de todos os jornais de domingo com os seguintes dizeres no rodapé: Ele é feliz. Invadir um hospício e libertar todos os loucos, mas antes dar uma plaquinha na mão de cada um com os seguintes dizeres: Somos loucos uns pelos outros...
Emparelhar meu dedo indicador ao nariz de um tenente do exército, rir bem alto da cara dele e antes de ser preso dizer pausadamente que sou feliz, ou sai lá, saltitar pela praça de alimentação de um shopping qualquer.
Encontrar um bêbado bem bêbado e deixar ele ainda mais bêbado, de modo que ele tome nojo da cachaça até a próxima encarnação.Só pra ouvir dele aquela conversa de bêbado que todos nós já ouvimos um dia: ### você é um cara bom, porque você é um cara feliz ###.
Talvez subir nas costas do Araribóia e passar o dia acenando para o Cristo Redentor, ah... essa é muito boa, pendurar o presidente da república na janela mais alta do palácio do planalto até ele prometer um mínimo que no mínimo dê para comprar o arroz e o feijão e quem sabe até uma dúzia de ovos, e depois dizer pra ele que mesmo que não cumpra sua promessa eu vou continuar sendo feliz... Com fome, mas feliz.
Jogar terra no sorvete das crianças mal criadas, botar o cachorro pra morder o carteiro, xingar minha vizinha, aquela velha miserável, por tudo que ela me fez o ano inteiro... mas que mesmo assim foi um ano feliz!
Tudo bem, não sou rico, não tenho carro, não tenho moto e nem casa própria.
Não sou play boy, nunca tive enxaqueca não me chamo Richardhy e nunca fui à Europa.
Sou pobre... Ando descalço, como churrasco, moro no morro, acordo cedinho, e sou cheio de manias, mas sou feliz!!!
Por encher um papel de palavras absurdas, e fazer poesia.
Thiago Sicuro
Descobrir a cada dia um novo cheiro, um novo gosto, uma nova cor, um novo som, um novo jeito de tratar as pessoas, descobrir uma nova vida todo dia, um novo dia toda vida. Quero uma felicidade que eu possa guardar só pra mim, sem precisar mostrar para os invejosos, sem fazer loucuras que por mais que eu não queira, são sintomas inevitáveis de alguém que se sente feliz.
Como por exemplo: Cantar... cantar... cantar... Repetir quantas vezes a garganta permitir, aquela parte daquela música que diz: “hoje eu vou tomar um porre, não me socorre que eu tô feliz”...
Sair sorrindo na capa de todos os jornais de domingo com os seguintes dizeres no rodapé: Ele é feliz. Invadir um hospício e libertar todos os loucos, mas antes dar uma plaquinha na mão de cada um com os seguintes dizeres: Somos loucos uns pelos outros...
Emparelhar meu dedo indicador ao nariz de um tenente do exército, rir bem alto da cara dele e antes de ser preso dizer pausadamente que sou feliz, ou sai lá, saltitar pela praça de alimentação de um shopping qualquer.
Encontrar um bêbado bem bêbado e deixar ele ainda mais bêbado, de modo que ele tome nojo da cachaça até a próxima encarnação.Só pra ouvir dele aquela conversa de bêbado que todos nós já ouvimos um dia: ### você é um cara bom, porque você é um cara feliz ###.
Talvez subir nas costas do Araribóia e passar o dia acenando para o Cristo Redentor, ah... essa é muito boa, pendurar o presidente da república na janela mais alta do palácio do planalto até ele prometer um mínimo que no mínimo dê para comprar o arroz e o feijão e quem sabe até uma dúzia de ovos, e depois dizer pra ele que mesmo que não cumpra sua promessa eu vou continuar sendo feliz... Com fome, mas feliz.
Jogar terra no sorvete das crianças mal criadas, botar o cachorro pra morder o carteiro, xingar minha vizinha, aquela velha miserável, por tudo que ela me fez o ano inteiro... mas que mesmo assim foi um ano feliz!
Tudo bem, não sou rico, não tenho carro, não tenho moto e nem casa própria.
Não sou play boy, nunca tive enxaqueca não me chamo Richardhy e nunca fui à Europa.
Sou pobre... Ando descalço, como churrasco, moro no morro, acordo cedinho, e sou cheio de manias, mas sou feliz!!!
Por encher um papel de palavras absurdas, e fazer poesia.
Thiago Sicuro
Consciência e eu
Imagina só, um quarto espaçoso e uma cama redonda, dentro de uma casa tão confortável que parece ser nossa. Nós dois ali, sem termos o que dizer um para o outro, mas sabendo exatamente o que fazer. E a distância que nos separa ficando cada vez menor, cada metro desfeito em passos leves, sentindo a respiração oscilar, nunca para menos.
Olhando fixo, sem dizer absolutamente nada, só olhando, se aproximando com êxtase, desejando o que o corpo permitir de mais obsceno. Mapeando os centímetros num instante tão breve quanto aguardado, onde ascende-se um fogo escondido.
Nada pode invadir esse momento, nem mesmo um terremoto. Somos nós, somente nós, envolvidos por um olhar congelado que faz de agora uma eternidade. Somente nós e esse desejo que só cresce, que nos deixa trêmulo dos pés a cabeça, e rouba nossas vozes, sobrando gemidos apenas. Ruídos estranhos, tremores e nosso suor, frio.
Faço da ponta dos meus dedos meus olhos, e percorro cinco deles observando seu corpo, seus seios, sua cintura, suas coxas, enquanto com os outros cinco tento conter sua aflição, tampando sua boca e segurando seus cabelos, hora os puxando, hora os apertando de forma suave junto a sua nuca.
Agora me abrace, vamos sentir nossos cheiros... Entranha seu perfume em mim pra que nunca mais vá embora, pra que eu durma com você todos os dias da minha vida!
Meu Deus o que é isso? É pecado? Não, não pode ser! É algo puro que todos no mundo deviam conhecer, é a expressão de um corpo que sem opções, deseja outro como parte dele próprio.
Nossas bocas não aguardam sequer um segundo a mais, logo se abocanham, sobrepondo um beijo ardente e incontrolável. Um beijo que suga minha alma para fora, um beijo que nem parece ser um beijo, parece mais um abraço apertado, uma mistura de ansiedade e desespero que acabou dando certo.
Não faz isso... Sim, faça isso, faça de novo... Molhe bem a sua língua e venha conhecer mais de perto o meu corpo. Prenda bem a respiração e vaze lentamente todo ar nos meus ouvidos, faça do meu colo seu assento, dos meus ombros seu apoio e transforma essa vontade incontrolável numa noite insana e quase perfeita.
Porque somos apenas duas crianças, dois amantes do corpo alheio balançando as fantasias.
Querendo um espaço no mundo pra fazer o que tramamos, sentindo na boca o gosto quente de saliva, ouvindo uma musica doce ao fundo da nossa brincadeira, você descendo e eu subindo, você subindo e eu descendo, duas crianças em uma gangorra que range alto, um balanço de corda cumprida, que quando empurrado nos leva às alturas, sem friozinho na barriga, só tesão.
Imagina só!
Thiago Sicuro
Olhando fixo, sem dizer absolutamente nada, só olhando, se aproximando com êxtase, desejando o que o corpo permitir de mais obsceno. Mapeando os centímetros num instante tão breve quanto aguardado, onde ascende-se um fogo escondido.
Nada pode invadir esse momento, nem mesmo um terremoto. Somos nós, somente nós, envolvidos por um olhar congelado que faz de agora uma eternidade. Somente nós e esse desejo que só cresce, que nos deixa trêmulo dos pés a cabeça, e rouba nossas vozes, sobrando gemidos apenas. Ruídos estranhos, tremores e nosso suor, frio.
Faço da ponta dos meus dedos meus olhos, e percorro cinco deles observando seu corpo, seus seios, sua cintura, suas coxas, enquanto com os outros cinco tento conter sua aflição, tampando sua boca e segurando seus cabelos, hora os puxando, hora os apertando de forma suave junto a sua nuca.
Agora me abrace, vamos sentir nossos cheiros... Entranha seu perfume em mim pra que nunca mais vá embora, pra que eu durma com você todos os dias da minha vida!
Meu Deus o que é isso? É pecado? Não, não pode ser! É algo puro que todos no mundo deviam conhecer, é a expressão de um corpo que sem opções, deseja outro como parte dele próprio.
Nossas bocas não aguardam sequer um segundo a mais, logo se abocanham, sobrepondo um beijo ardente e incontrolável. Um beijo que suga minha alma para fora, um beijo que nem parece ser um beijo, parece mais um abraço apertado, uma mistura de ansiedade e desespero que acabou dando certo.
Não faz isso... Sim, faça isso, faça de novo... Molhe bem a sua língua e venha conhecer mais de perto o meu corpo. Prenda bem a respiração e vaze lentamente todo ar nos meus ouvidos, faça do meu colo seu assento, dos meus ombros seu apoio e transforma essa vontade incontrolável numa noite insana e quase perfeita.
Porque somos apenas duas crianças, dois amantes do corpo alheio balançando as fantasias.
Querendo um espaço no mundo pra fazer o que tramamos, sentindo na boca o gosto quente de saliva, ouvindo uma musica doce ao fundo da nossa brincadeira, você descendo e eu subindo, você subindo e eu descendo, duas crianças em uma gangorra que range alto, um balanço de corda cumprida, que quando empurrado nos leva às alturas, sem friozinho na barriga, só tesão.
Imagina só!
Thiago Sicuro
Assinar:
Postagens (Atom)